Conservação da Água: Contribuição da Rede Paranaense de Agropesquisa

Conservação da Água: Contribuição da Rede Paranaense de Agropesquisa

Entrevistadora: Maria Fernanda Ruas, sob supervisão do Nepar

 

No dia 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água. A data foi escolhida em 1993, pela Organização das Nações Unidas, e representa o interesse comum da comunidade internacional em ampliar a discussão sobre temáticas relacionadas aos recursos hídricos. A água é indispensável para a manutenção de todas as formas de vida. Com isso, pensar a condição finita desse agente é um movimento necessário, diante do cenário que aponta para a crescente escassez – por quantidade ou por qualidade. 

Com um papel fundamental na conservação da água, o solo também é finito e, por isso, requer atenção e manejo adequado. Solo e água são uma dupla interdependente. O solo depende da água para a manutenção de seu funcionamento e a água depende do solo para filtragem e armazenamento. A partir disso, as práticas de conservação de um perpassam a ação do outro.

No Paraná, com o objetivo de  difundir práticas adequadas de conservação do solo e da água, foi criada, em 2015, por meio do Decreto 2475, a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada, que conta com a participação de pesquisadores de instituições públicas e privadas, em parceria com o governo do Paraná e o Sistema FAEP/SENAR-PR.

As atividades desenvolvidas pela Rede Agropesquisa iniciaram em 2021 e ocorrem, estrategicamente, em seis mesorregiões: Campos Gerais (Ponta Grossa), Centro Sul (Guarapuava), Sudoeste (Dois Vizinhos), Norte (Cambé),  Oeste (Toledo) e Noroeste (Presidente Castelo Branco e Cianorte). 

De acordo com a Dra. Graziela Moraes de Cesare Barbosa, pesquisadora do IDR-Paraná em Londrina e coordenadora geral da Rede Paranaense de Agropesquisa, “essa distribuição por mesorregião objetiva estudar o processo hidrossedimentológico em diferentes solos, relevos, climas, entre outras características regionais. Esse estudo contempla duas escalas, a de mega parcelas e a de microbacia hidrográfica, as quais são monitoradas durante todos os eventos de precipitação”. Em todas as localidades, estão em desenvolvimento estudos voltados para a  sustentabilidade do sistema produtivo agrícola com foco nos recursos solo e água. 

Graziela adiciona que o projeto teve início diante das demandas levantadas pelo Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR) e se consolidou nos seminários promovidos pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. Ela relata ainda que, naquele momento, havia uma preocupação muito grande com os processos erosivos em solos agrícolas do estado e com a retirada total ou parcial do sistema de terraceamento nessas áreas. 

A pesquisadora ressalta a importância da agricultura conservacionista, que é constituída por “uma série de práticas vegetativas, edáficas e mecânicas com objetivo de conservar o solo e a água no sistema de produção”. A partir disso, ela pontua, que, entre essas técnicas, é preciso atenção com as especificidades de cada recurso. 

“O sistema de plantio direto tem por objetivo principal reduzir o processo erosivo. Porém, as pesquisas indicam que o sistema de plantio direto reduz a quantidade de perda de sedimento, mas não a perda de água. Dessa forma, faz-se necessário práticas para conter o escoamento superficial da água durante os eventos de precipitação”, exemplifica.

Segundo a coordenadora, “os resultados iniciais obtidos nas diferentes mesorregiões indicam a eficiência dos terraços na redução das perdas de solo e água em comparação às áreas sem essa prática mecânica”. 

Referência na aplicação da agricultura conservacionista no país, o estado do Paraná, no último ano, enfrentou um longo período de estiagem – o que trouxe grandes prejuízos para os produtores. De acordo com a Graziela, as boas práticas de manejo do solo são capazes de amenizar os impactos da escassez hídrica na agricultura, seja pelo  maior armazenamento (fator quantidade) ou pelo  menor escoamento superficial (fator  qualidade).

Por fim, orgulhosa do trabalho desenvolvido pelo conjunto da Rede Agropesquisa, ela acrescenta “novamente, o estado dá exemplo quando reúne vários pesquisadores, professores, técnicos e bolsistas em prol do objetivo comum de produzir informações regionais para a conservação do meio ambiente”.

 

Maiores informações sobre a Rede Paranaense de Agropesquisa podem ser obtidas no site:https://www.agricultura.pr.gov.br/Rede-Agropesquisa

 

Fotos das mesorregiões onde estão instaladas as estações de monitoramento da Rede Paranaense de Agropesquisa.

Fonte: Graziela Moraes de Cesare Barbosa

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