Mapeamento Digital do Solo – Tecnologia em prol da agricultura

Inovação permite armazenamento e distribuição de uma grande quantidade de dados a produtores e pesquisadores, otimizando o acesso à informação

A tecnologia tem levado avanços para as mais diversas áreas do conhecimento e com a agricultura, não é diferente. O mapeamento de solos tem sido influenciado pela computação e a alta capacidade de processamento de dados. O resultado? Informação do solo de maneira muito mais rápida, detalhada e diversificada para ser utilizada na agricultura de precisão, ordenamento do território, definição de políticas públicas, zoneamentos agroclimáticos, entre tantas outras aplicações possíveis.

“O mapeamento digital do solo (MDS) surge com o advento da informática e da internet, a abertura dos mercados e a globalização, o avanço dos programas de sensoriamento orbital do planeta, e o desenvolvimento de novos e mais complexos modelo estatísticos.”, explica Alessandro Samuel Rosa, Doutor em Solos pela Universidade Federal de Santa Maria.

A demanda por informações específicas e variadas sobre o solo é crescente, o que exige a utilização de fontes de dados diversas, distribuição e armazenamento destes dados em formato digital e, sobretudo, a possibilidade de atualização instantânea das informações sempre que necessário. Neste sentido, as vantagens do Monitoramento Digital de Solos vão além e atendem a um novo perfil de consumidor destas informações. “Os usuários passam a exigir que os mapas das diversas propriedades do solo sejam acompanhados de estimativas da sua incerteza. Em outras palavras, um mapa do solo precisa sempre vir acompanhado de um segundo mapa que mostra, em cada ponto da área mapeada, quão confiantes podemos ser sobre a sua qualidade, a capacidade daquela informação de representar a realidade. E o MDS serve pra fazer isso tudo”, explica Alessandro Samuel Rosa.

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Para as propriedades rurais, o uso mais comum do MDS é a agricultura de precisão, tendência cada vez mais adotada nas regiões de alta produção do país, o que tem contribuído para elevar a produtividade a níveis impensáveis no passado. Mas para propriedades ou situações em que se busque apenas informações gerais do solo, o pesquisador alerta que pode ser mais vantajoso usar os métodos tradicionais. “Suponha que um pequeno agricultor familiar deseja subdividir a área de produção de sua pequena propriedade em áreas para silvicultura, pecuária, agricultura e piscicultura, levando em conta as condições do solo. Técnicos de extensão rural seriam perfeitamente capazes de realizar essa tarefa, com grande qualidade e baixíssimo custo, usando apenas os métodos tradicionais de mapeamento do solo”, relata.

Segundo o especialista, em nível de microbacia hidrográfica e município, o MDS é a única ferramenta capaz de atender às demandas atuais. “No Paraná isso já foi reconhecido pela Emater, que recentemente contratou um curso de capacitação MDS detalhado. Em nível regional, isso não é diferente. A grande maioria dos mapeamentos do solo realizados pela Embrapa Solos, por exemplo, para fins de zoneamento agropecuário, é feita usando o MDS. E em nível nacional, o Programa Nacional de Solos (PronaSolos), que visa a produção de informação detalhada e atualizada do solo para todo o território brasileiro, utilizará fundamentalmente o MDS”.

Mercado de trabalho e qualificação profissional

Apesar da alta aplicabilidade e da crescente demanda, o Monitoramento Digital de Solos não faz parte de qualquer disciplina permanente ou obrigatória em cursos de graduação e pós-graduação no Brasil. Também são poucas as disciplinas esporádicas ou opcionais sobre o tema e mais raros ainda são os cursos de capacitação oferecidos fora do ambiente acadêmico. “Apesar disso, considerando o cenário atual do financiamento da educação e pesquisa, muitas são as pessoas qualificadas para trabalhar no MDS no Brasil. A maioria dessas pessoas concluiu seu curso de mestrado ou doutorado recentemente, algumas delas com período de estudos no exterior. Boa parte encontra-se trabalhando em universidades e instituições públicas de ensino e pesquisa”, explica Alessandro Samuel Rosa.

“Recentemente tivemos a oportunidade de oferecer um curso de capacitação em MDS detalhado em microbacias hidrográficas para mais de 20 profissionais paranaenses, especialmente técnicos do serviço de extensão rural. Hoje esses profissionais estão capacitados para dar início e desenvolver algumas atividades de MDS”, relata.

Dados disponíveis online

O maior repositório de dados do solo do Brasil foi lançado pela UFSM e acaba de ser atualizado. O Repositório Brasileiro Livre para Dados Abertos do Solo, chamado febr, visa servir como instalação centralizada de armazenamento e compartilhamento de todo e qualquer tipo de dado do solo no Brasil. Isso tornará possível minimizar os esforços duplicados de recuperação e coleta de dados do solo, permitindo que os recursos existentes sejam usados para maximizar a colaboração entre cientistas do solo.

O febr conta com uma série de funcionalidades que podem ser divididas em seis itens: visualização, catálogo, busca, manual, download, e fórum. A distribuição espacial, no território brasileiro, das observações do solo acompanhadas por coordenadas espaciais pode ser acessada online. Esse repositório conta com dados de aproximadamente 12000 perfis do solo, que serão usados no PronaSolos e para a produção de mapas de centenas de propriedades. Para quem tiver interesse em pesquisar dados mundiais já catalogados, é possível acessar no www.soilgrids.org.

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