Amigos e familiares despediram-se, dia 21 de abril, do professor Carlos Clemente Cerri, ex-diretor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP). Ele lutava contra um câncer e estava com 71 anos.
Carlos Clemente Cerri foi um dos pioneiros a alertar sobre o efeito estufa, o aquecimento global, as emissões e o sequestro do carbono. “Ele era uma pessoa muito generosa e até o último momento que pôde deu apoio aos alunos doutorandos. Ele foi o responsável por consolidar a pós-graduação do Cena e elevou a ciência a um novo patamar de reconhecimento internacional. Foi um grande diretor do Cena e sempre aconselhou e deu diretrizes aos professores. Com seu trabalho com o manejo do solo na Amazônia, deu visibilidade aos problemas críticos apontados pela Ciência brasileira”, comentou a diretora do Cena, Tsai Siu Mui.
Cerri ficou bastante conhecido por colaborar com o Intergovernamental Painel Changing on Climate (IPCC) – nome original do relatório conhecido como Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas aqui no Brasil – que resultou nada menos do que o Nobel da Paz de 2008 para o ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, À época, o pesquisador apontava que o relatório teve o mérito de trazer a discussão de forma maciça, embora o tom alarmista usado por pessoas que não têm tanto conhecimento sobre o tema possa prejudicar o real entendimento sobre ideias complexas como ‘aquecimento global’.
Cerri especializou-se na pesquisa sobre a dinâmica da Matéria Orgânica do Solo em ecossistemas naturais e modificados pelas práticas agrícolas, pecuária e reflorestamento. Quantificou as variações no teor e na qualidade da matéria orgânica do solo (carbono e nitrogênio) e nos fluxos de gases do efeito estufa (CO2, CH4 e N2O) em diversas situações de mudança de manejo agrícola.
Publicou mais de 250 artigos científicos em revistas indexadas nacionais e do Exterior, 40 capítulos de livros no Brasil e no Exterior e foi editor de seis livros. Coordenou mais de 60 projetos de pesquisa com recurso do Brasil (Fapesp, CNPq, Capes, Finep, Petrobras) e do Exterior (Nasa, NSF, IAEA, GEF, European Unit). Proferiu centenas de palestras no Brasil e outras 60 no Exterior.
Foi agraciado com as comendas da Ordem do Mérito Científico e da Gran Cruz da Ordem do Mérito Científico e Tecnológico do Brasil, de Cavaleiro da Ordem das Palmas Acadêmicas da França e do Certificado do Prêmio Nobel da Paz (2007) atribuído ao IPCC/ONU.
A SBCS lamenta profundamente a perda deste importante conhecedor da ciência do solo.
Fonte: Cena/USP e Jornal Gazeta de Piracicaba