Dia Nacional da Conservação do Solo

Erosão custa U$ 212 milhões por ano no Paraná

No Dia Nacional da Conservação do Solo, 15 de abril, especialistas da Ciência do Solo alertam sobre a degradação do solo e dos recursos naturais, que encontram-se em estágio avançado em algumas áreas do Brasil. No Paraná, 30% dos cerca de seis milhões de hectares cultivados necessitam recuperar ou implantar praticas conservacionistas.

 De acordo com o diretor do Núcleo Paranaense da Ciência do Solo, pesquisador do Iapar Arnaldo Colozzi, o custo da erosão em terras agrícolas no Estado é da ordem de U$ 212 milhões por ano. “Tecnologias conservacionistas como o plantio direto na palha, que hoje é praticado em mais de 80% das áreas cultivadas com grãos no Brasil e que, num passado recente conseguiram frear processos erosivos acentuados, por simplificação ou uso inadequado não têm tido efetividade suficiente para controlar processos erosivos, que tem sido recorrentes no Paraná e na maioria dos estados brasileiros”, afirma ele.

Embora tenha sido pioneiro no Sistema de Plantio Direto na década de 1970, vem se registrando no Paraná, nos últimos anos, o abandono das práticas conservacionistas tradicionalmente recomendadas, que além do plantio direto incluem o terraceamento, o cultivo em nível, a rotação de culturas entre outras. Segundo Colozzi, para tentar reverter o uso inadequado do solo, existem recomendações das instituições de pesquisa para manutenção do terraceamento em Sistema de Plantio Direto. O pesquisador destaca também o Prosolo Paraná, que é um programa que integra e coordena todos os demais programas governamentais já existentes voltados à conservação do solo e da água, lançado no final do ano passado, e que tem o objetivo de capacitar técnicos, promover ações de divulgação e conscientização sobre conservação do solo, apoiar a pesquisa e estimular agricultores para a retomada das práticas conservacionistas .

Estimativas dos últimos dois anos mostram que as perdas anuais de solo no território brasileiro atingem valores da ordem de 500 milhões de toneladas de terra e cerca de 8 milhões de toneladas de nitrogênio, fósforo e potássio, nutrientes fornecidos às lavouras para aumento de produção. “Essas perdas têm impacto direto na economia, em razão do maior custo dos alimentos, uma vez que os nutrientes perdidos precisam ser repostos ao solo para manutenção da produtividade das lavouras. Além disso, existem também os custos ambientais, que apesar de difíceis de serem quantificados, podem ser facilmente visíveis pela contaminação de corpos de água com sedimentos e nutrientes, com mudanças na fertilidade dos solos e influenciando os organismos que neles vivem”, pontua Colozzi.

Dentre as diversas funções, diz o pesquisador, o solo proporciona, direta ou indiretamente, mais de 95% da produção mundial de alimentos. No entanto, esta fina e frágil camada que recobre a superfície da Terra e leva milhões de anos para ser formada pode ser perdida e degradada pela erosão em poucos anos de uso, tornando-se improdutiva ou reduzindo sua capacidade de produzir alimentos, pastagens, fibras e biocombustíveis para uma população cada vez maior e mais exigente.

Paraná está retomando boas práticas agrícolas, diz secretário

secretario

O secretário estadual da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Norberto ortigara, afirma que o Paraná está retomando as boas práticas agrícolas com o Prosolo, programa que envolve todos os órgãos (públicos e privados) que têm relação com o assunto – inclusive cooperativas e associações de produtores –, a fim de que haja soma de forças e diálogo entre as partes envolvidas para resolver os problemas ambientais nas propriedades rurais.

“Temos obviamente alguns problemas localizados. As chuvas no final de 2015 e começo de 2016 causaram muitos estragos, mas temos vários produtores retomando as práticas de conservação por perceber que seu patrimônio está degradado”, afirma Ortigara, acrescentando que o Prosolo foi lançado no dia 29 de agosto do ano passado.

“Estamos capacitando 2 mil técnicos para o programa. Cerca de 400 em curso de longa duração para formar agentes que possam elaborar bons planos conservacionistas. A partir de maio já será feita uma grande abordagem entre os agricultores”, informa ele.

O produtor que tem problemas na propriedade deverá aderir ao programa até o próximo dia 29 de agosto. Ele terá um ano para fazer o planejamento e mais três anos para executar o conjunto de práticas, quer seja por problema de compactação, de degradação ou até erosão. Antes do Prosolo, o prazo era de 60 dias.

“Não é uma anistia, mas um reposicionamento da consciência coletiva para os problemas ambientais. Se nada der resultado, teremos que usar a lei 8014/84, que dispõe sobre a preservação do solo agrícola e toma providências para proteger este grande patrimônio”, declara Ortigara.

“Como agentes públicos, temos que olhar com carinho a necessidade de conservar e proteger o patrimônio. Se o produtor que usa o solo não entender, o Estado vai intervir com força para que isso aconteça. Por isso, pedimos aos agricultores que procurem um dos escritórios da Emater e registre o problema da sua propriedade até 29 de agosto”, alerta.

Segundo ele, em parceria com a Embrapa, a Seab está iniciando também o Pronasolos (Programa Nacional de Solos do Brasil), que consiste em fazer o mapeamento, numa escala reduzida de 10 áreas do Paraná – cada uma com 10 mil quilômetros quadrados. O objetivo é fazer um levantamento de informações sobre o solo considerando sua gênese, topografia e vegetação, inclusive de beiradas de rios e das nascentes de água.

“Se não temos tudo resolvido, está tudo encaminhando para criar uma consciência coletiva bem mais elevada, despertando no agricultor essa necessidade de ele não perder o jogo da produtividade”, resumiu o secretário.

Dia Nacional da Conservação do Solo

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