Reunião em Cuba debate importância da conservação do solo

O evento busca implementar a agricultura conservacionista no país latino

O Colóquio Internacional de Conservação da Agricultura foi realizado em Havana entre os dias 6 a 10 de novembro deste ano, e teve a participação de três brasileiros, sendo dois deles da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Rafael Fuentes Llanillo do NEPAR-SBCS e Leandro do Prado Widner do NRS-SBCS. O evento foi organizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), contando com o apoio do Ministério da Agricultura de Cuba e da União Europeia. Pesquisadores da Espanha, Índia e Vietnam também participaram do encontro na capital cubana.

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Rafael Fuente Llanillo é Engenheiro Agrônomo e sócio do NEPAR-SBCS

O engenheiro agrônomo do IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), Rafael Fuentes Llanillo, que é consultor do FAO em Cuba, Nicarágua e Haiti, ressalta a importância da conservação do solo para implementar a agricultura conservacionista em Cuba. Para ele, manter o solo sem revolvimento é essencial para deixa-lo em condições ideais, devendo combinar com um conjunto de diversas espécies vegetais e de diferentes tipos de raízes, evitando a erosão. “O objetivo da agricultura conservacionista é manter a matéria orgânica do solo, que é o elemento formado pelos compostos de carbono, sendo o principal elemento para garantir a integridade da produção e a saúde do solo a longo prazo”, destacou.

Questionado sobre a importância do Brasil na agricultura conservacionista, o engenheiro agrônomo fala sobre a experiência que o país tem no assunto, evidenciando a influência brasileira em relação aos outros países. “O Brasil é pioneiro na adoção do sistema de plantio direto e da agricultura conservacionista, desenvolvendo essa agricultura desde a década de 1970. São aproximadamente 45 anos de experiência nesse assunto enquanto Cuba está apenas começando. O que buscamos junto com a FAO da ONU nesse colóquio em Cuba, é a implementação dessa agricultura por lá. Cuba é um pais muito centralizado devido ao socialismo, e para esse tipo de projeto dar certo, ele tem que ter o apoio da política pública, através de leis e decretos que permitam o investimento neste ramo, e ultimamente temos o total apoio deles”, explicou.

Com o apoio do governo cubano, os ministérios da agricultura, educação e planejamento vem trabalhando junto, abrindo as portas para os negócios entre Cuba e Brasil para a implementação da agricultura conservacionista. Llanillo se diz otimista com o colóquio em Havana, projetando um avanço para os próximos anos. “O governo deve disponibilizar as máquinas semeadeiras que fazem o plantio direto sobre a palha, utilizando os herbicidas para controlar as ervas daninhas que surgem no solo e a plantação das sementes de adubos verdes, importando do Brasil. Essas condições são essenciais para a implementação dessa agricultura conservacionista, contando também com uma assistência técnica, treinando os agricultores buscando capacitá-los enquanto o sistema é adaptado. A primeira parte da implementação do sistema de agricultura conservacionista está resolvida. A intenção é fazer que Cuba saia dessa escala piloto para uma grande escala num período de 5 anos”, ressaltou.

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Apesar de ser pioneiro no assunto, ultimamente o Brasil vem se descuidando nesta prática, preocupando os especialistas da agricultura. Rafael Fuentes Llanillo através do NEPAR-SBCS, do IAPAR e da Federação Brasileira de Plantio direto, diz ter notado que virtudes da nossa agricultura vem se perdendo nos últimos anos. Ele fala sobre os cuidados que o país deve tomar para permanecer como referência no assunto. “ Ao mesmo tempo que somos um país experiente nesse sistema, nós começamos a abaixar a guarda em uma série de aspectos relacionados a qualidade. Os agricultores, tem deixado de utilizar algumas táticas mecânicas nos terraços devido a pressão das empresas para a utilização de máquinas, fazendo voltar o efeito da erosão mesmo com a agricultura conservacionista. É preciso manter o status elevado do Brasil em relação ao mundo, uma vez que, 15% dos alimentos que são consumidos no mundo, são produzidos no nosso país e em nosso continente, não podemos perder a nossa referência para o resto do mundo”, finalizou.

Junior Azevedo
Estagiário de Jornalismo

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