Dia Mundial do Solo busca conscientizar população

Data chama atenção para a necessidade de ações com foco em manejo e conservação. Sociedade, políticos e agricultores precisam trabalhar em conjunto!

Instituído pela União Internacional de Ciência do Solo (International Union of Soil Sciences IUSS), o Dia Mundial do Solo é celebrado desde 2002. Para este ano, a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) escolheu como tema central “Cuidar do planeta começa a partir do solo”. Chamando atenção para importância da preservação do solo na solução de questões como:

  • Mitigar e adaptar as mudanças climáticas;
  • Reduzir a migração forçada;
  • Segurança alimentar;
  • Preservar a biodiversidade, entre outras.

“Em 2015 a ONU lançou como Ano Mundial do Solo e se difundiu muito esse conceito. A gente ainda vive esse clima de otimismo em relação a essa discussão, mas não podemos deixar arrefecer. O dia mundial do solo tem mesmo que ser celebrado e tem que haver um esforço das pessoas que trabalharam na área de difundir e tocar neste assunto”, reforça o pesquisador do IAPAR, Arnaldo Colozzi Filho.

Plantio Direto – A história e os novos desafios

O Paraná sempre foi referência em cuidado com solo, sendo pioneiro em práticas como o Plantio Direto, por exemplo. Mas nas últimas safras voltou a ter sérios problemas com erosão e produtores tem sido castigados, principalmente em temporadas de grandes chuvas, como a que enfrentamos recentemente em algumas regiões.

O produtor paranaense Herbert Bartz, responsável por trazer ao Brasil a técnica do Plantio Direto, chama atenção para os desafios no setor. “Temos um “exército” de agricultores pensantes e criativos além de uma pesquisa atuante e com grande competência. Mas mesmo assim os problemas se acumulam. Um exemplo deste verdadeiro descalabro pelo qual estamos passando, é o período que a lavoura fica sem nenhuma cobertura vegetal após a colheita da safrinha, ou mesmo após a colheita de verão deixando o solo descoberto por períodos de até três meses”.

“45 anos depois do início da adoção do Plantio Direto, observamos que os recursos naturais construídos ao longo do tempo estão se esvaindo. Estamos enfrentando graves problemas de erosão, que voltou especialmente pela falta da rotação de culturas”, explica o produtor paranaense Herbert Bartz, responsável por trazer ao Brasil a técnica do Plantio Direto.

Arnaldo Colozzi ressalta que a erosão é consequência da necessidade de produzir cada vez mais e que tem afetado produtores de diferentes regiões do país “A erosão não é um problema só no Paraná. Existe uma necessidade de resposta dos cultivos agrícolas para que eles sejam cada vez mais rentáveis e produtivos. Essa pressão acaba refletindo no manejo desse solo, o que tem levado a um aumento da degradação do solo”, explica Colozzi.

A resistência genética de espécies vegetais, doenças e insetos também tem sido fator preocupante. Segundo Bartz, é urgente que “todos se conscientizarem da necessidade de rotacionar modos de ação quando da utilização de defensivos agrícolas, caso contrário teremos problemas sem solução como é a buva atualmente”.

“O bom cuidado com o solo passa pela política agrícola. Esta tem que ser pensada a longo prazo, prevendo novas tecnologias e sob aspecto da sustentabilidade, fazendo com que o país continue na vanguarda na produção de alimentos para o mundo”, conclui o pioneiro do Plantio Direto.

O pesquisador Arnaldo Colozzi segue nesta mesma linha e encara uma postura política e social diferenciada como sendo a chave para solucionar a questão. “Precisamos prestar atenção na política do nosso país, porque a política é determinadora da direção da economia e, de uma maneira ou de outra, ela influi na ciência. Não se pode fazer ciência sem dinheiro, sem apoio. e não vamos conseguir avançar em questões tão importantes quanto o manejo e conservação de solo se não tivermos apoio. Se pretendemos conservar o solo, temos que ter educação e ciência, senão não vai funcionar”.

As ações que temos feito para reduzir esse problema são dispersas e isso não tem funcionando bem. Precisamos de ações coordenadas em todos os seguimentos da sociedade”, conclui.

Cuidado com o Solo, na prática

É neste intuito, de coordenar e organizar ações foco no manejo adequado da água e do solo, em diferentes esferas do estado que surgiu a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada. O Programa recebeu recentemente R$ 12 milhões para pesquisas focadas em manejo e conservação de solos (leia mais), atuando em cinco frentes distintas que visam simultaneamente capacitar produtores rurais e técnicos agrícolas, fomentar a pesquisa e formação aplicada, revisar a legislação sobre o tema, operacionalização junto aos produtores rurais.

Entre as ações previstas pelo programa, está um novo mapeamento de solo em todo o país, já que o último foi o Radam, realizado pelos militares. Esse projeto já está em andamento também no Paraná. E todas essas ações irão culminar com a elaboração de um novo Manual de Conservação de Solo e Água, que servirá de treinamento no planejamento conservacionista da propriedade rural. O Manual está sendo elaborado pelo NEPAR-SBCS.

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