Pesquisador mostra uso de tecnologias em arenito paranaense

Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta foi debatido em V RPCS e II SBSA

O sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Florestas (ILPF) em solos arenosos foi um dos temas mais debatidos durante a V Reunião Paranaense da Ciência do Solo e II Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, ocorridos em Maringá esta semana. O conceito e as modalidades de uso da tecnologia, que é uma estratégia de intensificação sustentável do uso do solo a partir da integração dos sistemas agrícola, pecuário e florestal numa mesma área, foi apresentado pelo pesquisador Sérgio José Alves, do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

Ele proferiu a palestra “Arenito do Paraná: 20 anos de avanço produtivo e sustentável”, que teve por objetivo mostrar que no Paraná existem sistemas e propostas tecnológicas que convergem com a tentativa de se promover a melhoria do uso do solo, da qualidade ambiental e produtiva dos sistemas de produção tropicais. O pesquisador também comandou a visita técnica às áreas de ILPF, na Fazenda Santa Nice, no último dia do evento.

Alves apontou algumas tecnologias desenvolvidas em parceria entre Cocamar e IAPAR na região específica de arenito do Paraná. “Pontuamos algumas coisas como antecipação de aplicação de calcário, plantio direto desde o início, não remoção do solo, entre outras práticas que vão formar um modelo conservacionista que está sendo montado”, disse.

O projeto desenvolvido pela Cocamar e IAPAR, na região do arenito, conta com 199 produtores cooperados que adotaram a ILPF, perfazendo uma área de produção de grãos (soja) de 25 mil hectares e mais de 100 ILPF em área total.

“Ressaltamos que esta parceria do IAPAR com a cooperativa é importante porque gera tecnologia, valida em nível de propriedade e, mais, está sendo aplicada no campo. Costumo dizer que é um projeto em que todos ganham”, diz o pesquisador, acrescentando que ganha o produtor que fomenta sua receita; ganha a Cocamar com cooperados mais fortes e capitalizados; ganha a pesquisa porque leva esses resultados para o campo e, por fim, ganha a sociedade porque o sistema é sustentável e não tem degradação ambiental.

Em projetos bem conduzidos de ILPF, compara o pesquisador, está se produzindo animais para abate com menos de dois anos, o que potencializa a pecuária e garante ao consumidor um produto de melhor qualidade. A produção da soja em áreas com bastante palha para diminuir os riscos de baixa produtividade é outro exemplo que vem dando certo.

O foco do projeto no arenito é a produção pecuária que faz uso da soja para reformar pasto e pastagem de inverno, melhorando a fertilidade do solo. “O foco é a pastagem e a soja é como fosse um componente importante para baixar custo e risco da pecuária”, comenta Sérgio José Alves.

visita tecnica rpcs2017

A grande vantagem do sistema ILPF, segundo ele, são os benefícios mútuos que a agricultura gera para a pecuária e vice-versa. Porém, o pesquisador observa que dentro do modelo técnico há uma série de regras bem estritas que devem ser seguidas. “Por exemplo, não se prepara solo, a calagem e gessassem são aplicadas somente em superfície; o solo precisa ser mantido coberto o ano inteiro e sempre ter palha”.

“Enfim, tem uma série de componentes fundamentais e, se errarmos no manejo, podemos ter um erosão gigantesca. Se não tivermos palha para 15 dias de seca, a soja pode morrer. Isto porque o arenito é muito mais técnico, muito mais difícil de trabalhar e com tecnologia muito mais alta do que as aplicadas em outras regiões”, resume. Alves.

O próximo desafio, diz o pesquisador, é colocar outras culturas na rotação como a mandioca e trabalhar a questão da irrigação. “Acredito que este modelo sustentável no arenito, com irrigação, pode ser mais produtivo do que no basalto”, avisa.

O evento foi promovido pelo Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS – NEPAR) e realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Cocamar Cooperativa Agroindustrial, contando com a parceria do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), entre outros. Os eventos contaram com importante apoio da Rede de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

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