Paraná: Referência na Agricultura Conservacionista Nacional

Maria Fernanda Ruas (estagiária, sob supervisão de Léa Medeiros)

A agricultura conservacionista é um modelo de produção que reúne tecnologias capazes de impulsionar sistemas úteis na preservação, restauração e/ou recuperação do solo. Essa prática pede o manejo adaptado solo, bem como o uso consciente da água e a preservação da biodiversidade. No Brasil, o Paraná é o estado pioneiro na adesão a essa prática é considerado como referência nacional. 

Graziela Moraes de Cesare Barbosa, engenheira agrícola e pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), explica que, entre os fatores que contribuíram para esse título, pode-se destacar a preocupação do governo do estado em implementar programas de assistência ao produtor. Segundo a docente, o Paraná foi referência no lançamento do Plantio Direto, na década de 1970, o que se tornou uma prática de conservação do solo, ao minimizar processos erosivos. 

Ainda segundo Graziela, o Paraná foi o primeiro estado a estabelecer uma lei de conservação do solo e água – a Lei 8014/1984. A legislação, além de discutir subsídio destinado ao produtor, trouxe, também, regulamentação e condições como a “adoção de um conjunto de práticas e procedimentos que visem a conservação, melhoramento e recuperação do solo”,  conforme frisa a norma. 

A partir disso, a agricultura conservacionista foi impulsionada e sua aplicação varia de acordo com fatores como o tipo de solo e localização geográfica. “A gente tem várias práticas conservacionistas e não é possível usar todas em um único local. Então, precisamos saber quais se adaptam àquele local, o que eu vou produzir ali e quais as práticas pertinentes para essa atividade”, explica a professora. 

Quando mal manejado, o solo sofre consequências como erosão, contaminação da água e grandes prejuízos financeiros. A perda de nutrientes encarece a produção e gera consequências para o produtor  e toda a humanidade. Barbosa alerta que, no plantio tradicional, há o revolvimento do solo, que o deixa exposto e propício para escoamento e processos erosivos, quando em contato direto com a chuva. Em contrapartida, o manejo conservacionista evita o impacto da gota direto no solo, mantendo-o úmido por tempo prolongado. No que diz respeito ao uso de produtos químicos, a professora explica que, na perspectiva conservacionista, há a utilização consciente, utilizando-os apenas quando necessário. “Se aplicado conscientemente, há redução no custo e no impacto ambiental que tem o uso de agroquímicos”. Ela acrescenta que “a assistência técnica trabalha para mostrar ao produtor a importância e o ganho que ele tem. Não apenas pela lei, que estabelece como dever conservar o solo, mas também mostrando para ele o fator econômico, o quanto ele perde de dinheiro, quando ele permite que esse solo vá embora”

A agricultura conservacionista tem ganhado cada vez mais notoriedade no campo brasileiro. A pesquisadora é otimista e conclui: “Eu espero que, cada vez mais, a agricultura conservacionista seja implantada no país, adotada pelos produtores. Eu acredito que isso vá acontecer. Na década de 1970, haviam poucos produtores que faziam plantio direto. Hoje, temos milhares de hectares que utilizam dessa técnica não só no Paraná, mas no país inteiro. Então, com trabalho, dias de campo, levando essa informação ao produtor, a gente vai conseguir também que essa adoção das práticas seja implementada, assim como o plantio direto”.