Dia Mundial do Solo 2020

O solo é um recurso crucial para a vida na Terra. O Dia Mundial do Solo em 5 de dezembro, foi declarado em 2013 pela Organização das Nações Unidas (ONU), visto que o solo é um recurso fundamental para assegurar a biodiversidade, a segurança alimentar, disponibilidade de água, redução dos gases-estufa e proporcionar crescimento econômico. Diante desses fatores, a campanha do Dia Mundial do Solo de 2020 carrega o slogan “Mantenha o solo vivo, proteja a biodiversidade do solo”, trazendo à tona as ameaças que o solo e a vida que existe dentro dele têm enfrentado. Isso trata não somente das raízes das plantas e dos pequenos animais como normalmente se pensa, mas também inclui todos os microrganismos que compõem e sustentam essa biodiversidade dentro e fora do solo. É a biodiversidade do solo que sustenta a meso, macro e microfauna.

Por exemplo, um bom indicador de qualidade do solo é a presença de minhocas, chamadas de “engenheiros do solo”. Que atuam através do equilíbrio populacional (evitando pragas e doenças, por exemplo), colaboram com a ciclagem dos nutrientes, fixação de nitrogênio da atmosfera e disponibilização para as plantas, estruturação do solo, simbiose com as plantas, incorporação de carbono no solo, favorecimento da infiltração de água, entre outras coisas. Porém caso o solo esteja comprometido biologicamente, fisicamente ou quimicamente, os seres e características que sustentavam a biodiversidade nele também são afetados.

Dentre os problemas que afetam o solo, atualmente, um dos principais é a “degradação”. Que consiste na perda de nutrientes, perda de estrutura e diminuição da matéria orgânica do solo, resultando na infertilidade do solo e consequentemente comprometendo-o. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os cinco principais fatores que causam perda de biodiversidade do solo são: mudanças no uso da terra, a presença de espécies invasivas, práticas não sustentáveis de manejo do solo, poluição e o selamento do solo através da urbanização. Perdem-se anualmente muitas áreas agricultáveis devido ao manejo inadequado e consequente degradação.

Embora existam processos de recuperação para o solo degradado, é importante lembrar que o solo é um recurso praticamente não renovável dentro da escala temporal que vivemos, visto que demora cerca de 400 anos para a formação de 1 cm de solo, e que quando a degradação atinge um solo, as primeiras camadas que geralmente são as mais férteis, podem já ter sido perdidas ou comprometidas; Isso reforça a importância de desenvolvermos técnicas sustentáveis de manejo e conservação da biodiversidade para um uso responsável do solo. A erosão também é outro fator que ameaça o solo; mesmo quando ocorre de maneira natural, ainda é danosa. É um processo que precisa ser analisado e controlado para garantir que não ocorram complicações graves com o tempo. Portanto, é preciso conservar o solo de agora para que não seja necessário reverter os danos no futuro.

Solos no Paraná

Acredita-se que quase a totalidade dos solos paranaenses são vivos. Com exceção de uma boa parte dos solos ocupados por cidades e centros urbanos, solos em áreas de mineração e áreas degradadas. Estima-se que os prejuízos inerentes à conservação inadequada chegam a dezenas de milhões de dólares além de danos agravados que levam muito tempo até serem recuperados.

É importante reforçar que manter a biodiversidade do solo viva, que é um dever de todos, não é um processo que se apresenta da mesma maneira para todas as regiões ou para todos os solos. Cada solo possui suas próprias características e as próprias espécies que ali habitam, por isso, “proteger a biodiversidade do solo” também é apoiar e fortalecer a pesquisa e a geração de conhecimento específico sobre cada região. Somente através do conhecimento científico que é possível aplicar um manejo sustentável, que dê suporte às demandas atuais e futuras. Nesse contexto, é importante a sociedade refletir que, sem solos de alta qualidade, as necessidades humanas não serão atendidas e o futuro da nossa sociedade pode ser desastroso, como historicamente já foi para civilizações passadas que negligenciaram a importância da sustentabilidade.

Dessa maneira o Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR-SBCS) contribui e dedica seus estudos aos aspectos e características do solo brasileiro e paranaense. O Paraná se dedicou na pesquisa agropecuária para solucionar os problemas que foram surgindo com o decorrer dos anos e a valorização do entendimento regional é crucial para nós, para continuarmos na vanguarda do conhecimento desta região. Temos uma diversidade de solos no Estado que variam devido a topografias diferentes e climas diversos, e que caso não tenham estratégias adequadas de manejo, são difíceis de serem trabalhados, pois possuem suas características próprias, até porque historicamente já alteramos muito a mata desde nossa colonização.

Nesse mês do Dia Mundial do Solo, que tal participar de eventos ou lives sobre o assunto? Ou usar suas redes sociais para postar fotos de solos da sua região com comentários sobre os problemas que afetam a sua comunidade? A preocupação com os solos e preservação deles é uma questão que pouco apareceu nas recentes eleições municipais que ocorreram. Exigir inovação e sustentabilidade de nossos governantes, aplicando a pesquisa e o conhecimento que é desenvolvido, é o que manterá nosso solo e nossa biodiversidade, vivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *