Recuperação orgânica de solos arenosos foi tema da palestra do professor João Sá
Os solos arenosos, devido ao seu alto teor de areia, possuem uma fragilidade estrutural do solo, tornando-o suscetível à erosão hídrica e a perdas de nutrientes por lixiviação, uma vez que apresentam alta drenagem e baixa Capacidade de Troca de Cátions (CTC). Eles se caracterizam pela sua textura leve e granulosa, sendo composto por areia (70%) e, em menor parte, por argila (15%).
João Carlos de Moraes Sá, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), proferiu a palestra “Estratégias de incremento da matéria orgânica de solos arenosos”, na V Reunião Paranaense de Ciência do solo e II Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos (V RPCS/II SBSA), em Maringá (PR).
Segundo Sá, os solos arenosos possuem agregados extremamente frágeis, ou seja, não são estáveis. Tais agregados formam processos de evolução de solo na vegetação natural e está extremamente relacionado com a ação biológica, especialmente raízes e com os compostos originários dessas raízes e da parte aérea da planta.
Outra caraterística deste tipo de solo é o PH ácido e baixo teor de matéria orgânica. De uma maneira geral, os solos arenosos, de acordo com o professor, possuem três a cinco vezes menos matéria orgânica natural que solos argilosos. Devido a sua baixa fertilidade, não seria possível cultivar culturas comerciais, como soja, milho, trigo, pois não teria suporte. “Então temos que praticar essa fertilidade, mas para manter essa fertilidade tem que ter as cargas negativas – originários da matéria orgânica”.
Os solos arenosos passaram a ser incorporados nos sistemas de produção de grãos e são considerados a nova fronteira agrícola do Brasil (Foto: Fernando Tanaka)
A areia pela sua carga inerte (nula) e pelo baixo teor de argila é preciso, assim, segundo Sá, adicionar matéria orgânica, em especial, resíduos de colheita – parte aérea de plantas e raízes para que no processo de decomposição, possa gerar coloides que irão promover carga negativa.
“Essa carga negativa será como se fosse uma caixa de água que dependendo do volume, ela irá conseguir mais ou menos cátions, como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K). Então você tem que criar um estômago, uma caixa, e ela vai estar diretamente relacionada à matéria orgânica”.
Em sua conclusão, Sá profere na palestra que o manejo do solo está associado a capacidade de reestabelecer uma nova estrutura que permita a redistribuição do carbono (C) e nitrogênio (N), os quais irão promover a ativação dos ciclos biológicos e atuar como componentes chaves na estabilidade dos sistemas de produção. Esse restabelecimento dos ciclos biológicos é diretamente relacionado com o solo coberto com resíduos de colheitas ou plantas vivas, para assim promover um fluxo continuo de C e N.
A V RPCS/II SBSA é promovido pelo Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (NEPAR- SBCS) e realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Cocamar Cooperativa Agroindustrial, contando com a parceria do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), entre outros. Os eventos contaram com importante apoio da Rede de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Alanis Hitomi I. Brito
Estagiária de Jornalismo