Pesquisa é crucial para o Brasil avançar no agronegócio

Ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, proferiu palestra na V RPCA e II SBSA em Maringá

O ex-ministro da Agricultura entre 1974 e 1979, Alysson Paolinelli, foi um dos convidados a proferir palestra para mais de 500 pessoas na V Reunião Paranaense da Ciência do Solo e II Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, ocorridos esta semana em Maringá. Entusiasta e grande incentivador da agricultura tropical, Paolinelli disse que o Brasil passou de grande importador, a um dos maiores exportadores de alimentos.

“Aqui está a segurança alimentar do mundo”, afirmou o ex-ministro, acrescentando que o País caminha para ser o sustentáculo do abastecimento mundial, levando em conta a crescente demanda por alimentos para uma população global estimada em 9,3 bilhões de pessoas em 2050. “Aprendemos a desenvolver uma agricultura tropical imbatível. A tecnologia tropical é a mais sustentável que o mundo conhece nos dias de hoje. O plantio direto e integração lavoura e pecuária são fundamentos que nos garantem sustentabilidade e maior produtividade”, afirmou.

Paolinelli vê na pesquisa o ponto crucial para que o Brasil siga avançado no setor. Ele fez uma retrospectiva da agricultura brasileira, destacando a importância da tecnologia para o crescimento da agricultura tropical e criticou a forma como foi feita à industrialização brasileira em meados do século passado. “Erramos ao fazer uma industrialização sem conhecimento. Isso nos custou caro porque tivemos que buscar tudo lá fora, projetos, know-how e até mesmo matéria-prima, pagando royalties altíssimos. Ou seja, o Brasil não estava preparado para industrialização.

alysson e renato

Ele destacou que por mais de quatro mil anos as principais regiões produtoras de alimentos do mundo, desenvolveram sua agricultura em zonas temperadas, utilizando solos férteis e onde os climas são mais definidos. Na década de 60 o Brasil se colocou diante do mundo numa situação frágil, chegando a exportar 30% de alimentos que consumia, e perdendo a chance assim de incentivar a sua produção de café, que na época era bastante grande. “Importávamos, vexatoriamente, 100% de trigo, 50% de leite e carne e ainda feijão, arroz e milho. Hoje o Brasil é o maior exportador mundial de alimentos”, compara.

Enquanto ministro da Agricultura, Paolinelli conseguiu desenvolver um grande projeto agrícola; “Graças a um esforço concentrado de conhecimento, conseguimos potencializar o setor agrícola, desenvolvendo know-kow para produzir alimentos em regiões tropicais, prática que tem a essência da inovação”, afirmou.

E cita os solos arenosos, tanto no Paraná quanto em outras regiões do Brasil, com potencial para produzir ainda mais do que se produz hoje. Quem imaginava que aquele areião baiano iria produzir com aquela qualidade”, comenta, lembrando que quando falava em segunda safra, especialistas internacionais achavam que ele estava louco. “Já estamos indo para a terceira safra”, disse, referindo-se ao sistema de irrigação para viabilizar mais uma colheita durante o ano, além da de verão e de inverno”.

Alysson Paolinelli atribui à ciência, tecnologia e inovação como as principais ferramentas que contribuíram para o crescimento da agricultura. “Estamos bem de pesquisa, mas não temos recursos. A Pesquisa precisa de recursos urgente para evitar um colapso lá na frente”. É papel desta mocidade, disse o ministro, referindo-se à plateia formada por estudantes especialistas, produtores e especialistas, recompor este País, mesmo diante da incompetência dos governos que temos experimentado”, declarou o ex-ministro, que ao final de sua palestra recebeu agradecimentos de Renato Watanabe, um dos coordenadores do evento, gerente técnico de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) da Cocamar.

O evento foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira da Ciência do Solo, Núcleo Estadual do Paraná, com realização Cocamar Cooperativa Agroindustrial e da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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