Solução para reduzir níveis de tráfego nas áreas de plantio da cana está no desenvolvimento de máquinas capazes de colher mais linhas simultaneamente
A rápida mecanização da cana de açúcar proporcionou aspectos positivos no que tange à redução do trabalho manual e na extinção das queimadas, mas por outro lado, trouxe alguns problemas na área do plantio, bem como um decréscimo muito grande na produtividade – de 80 toneladas por hectare para 72 toneladas por hectare. A afirmação é do professor na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Paulo Graziano Magalhaes, e pesquisador no Laboratório Nacional de Ciências e Tecnologias do Bioetanol (CTBE), durante sua palestra na 20ª. Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, em Foz do Iguaçu. Ele abordou a relação solo-máquina dentro da Sessão Técnica sobre Sistemas de manejo conservacionista do solo e água.
“A produtividade foi afetada por conta do tráfego de maneira desorganizada de máquinas sobre a área”, disse Graziano. Segundo ele, primeiro os agricultores perceberam que precisavam ter um controle de tráfego melhor e, para isso, começaram a adaptar seus tratores e carretas para terem uma bitola mais compatível com espaçamento tradicional, que é de 1,5 metro. Entretanto, a colhedora não teve a mesma capacidade de adaptar a bitola e o produtor continuou com um problema básico que é o de trafegar em cima de cada linha duas vezes com todas as máquinas.
Para reduzir significativamente os níveis de tráfego praticados atualmente, a solução, segundo ele, está em desenvolver máquinas capazes de colher mais linhas simultaneamente, por isso, algumas fabricantes têm lançado máquinas que podem colher duas linhas. Paralelamente, o CTBE está trabalhando em cima de um projeto financiado pelo BNDES para uma máquina com uma bitola de 9 metros, com capacidade de ter seis linhas sob ela. “Com isso, não teríamos mais limite de tráfego, e poderíamos ter espaçamentos menores. Hoje temos 1,5 metro de espaçamento, mas há experimentos de que 75 centímetros seriam ideal, pois assim a quantidade plantada seria maior por hectare”.
“Esta máquina está em fase final de testes e em breve teremos um equipamento melhor adaptado. Esses equipamentos (trator e colhedora) definem ou influenciam fortemente o desenho geométrico das áreas de plantio, padrão de tráfego no campo, assim como o tamanho e a concepção da maioria dos outros equipamentos utilizados no processo produtivo”. O pesquisador observa, entretanto, que ao combinar tráfego controlado com bitolas maiores, da ordem de 10 m ou 15 m, os resultados são redução de custos, ganhos de produtividade e redução nas perdas de solo.