Estudos de pesquisadora do Ceará buscam manejo sustentável do solo e água no Bioma Caatinga

Entre os principais temas das palestras da XX RBMCSA, as técnicas de conservação do solo e água no Bioma Caatinga serão amplamente debatidas

Para entender os processos hidrológicos na floresta da caatinga, a professora Eunice Maria de Andrade, PhD no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (UFC),vem conduzindo estudos em microbacias experimentais buscando encontrar um manejo sustentável dos recursos naturais, onde o solo, a água e a vegetação possam ser explorados de forma menos degradante. Maria Eunice fará palestra sobre Bioma Caatinga, na XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, que acontece de 20 a 24 de novembro em Foz do Iguaçu (Paraná). Se você ainda não inscreveu seu trabalho não perca o prazo: 20 de agosto pelo site www.rbmcsa2016.com.br.

Em uma visão generalista, a professora ressalta que estudar o Bioma Caatinga se faz necessário para conhecer e entender os processos naturais que ali ocorrem. “O objetivo geral é entender os processos hidrológicos e erosivos em decorrência do uso e ocupação do solo, onde se considere os recursos naturais água, solo e vegetação”, explica a professora.

Segundo ela, entendido como estes processos ocorrem, pode-se propor de forma mais adequada o uso dos recursos naturais que compõem o bioma. Pelo que já foi investigado até hoje, percebe-se que técnicas de raleamento podem ser empregadas como uma alternativa para produção de alimento para animais de pequeno porte (caprinos e ovinos), com redução de escoamento superficial e de perdas de solo.

“Para manejar adequadamente os recursos naturais de qualquer bioma, deve-se elaborar um plano de exploração desses recursos com base na capacidade de suporte e aptidão dos mesmos. Entendo, que o emprego das técnicas de conservação de água e solo (muito conhecidas de todos), já seria um grande avanço”, afirma a pesquisadora.

De acordo com ela, a adoção de toda e qualquer técnica de conservação de água e solo, principalmente em regiões secas, é uma excelente alternativa aos modelos tradicionais onde se visa somente a maximização econômica. “Agora, antes de qualquer tomada de decisão devemos fazer as seguintes perguntas: qual a aptidão desses recursos? Seria produção de biomassa? produção de energia solar ou eólica? agricultura em pequena escala? Agricultura irrigada de ciclo curto? Temos aptidão agrícola?”, instiga.

CAATINGA

A caatinga é uma extensa floresta seca tropical cobrindo uma área de 844.000 km2, o que corresponde a 10% do território brasileiro. É uma floresta totalmente inserida na região semiárida brasileira, a qual se caracteriza pelas incertezas dos eventos pluviométricos no tempo e no espaço. A precipitação média da região é de 800 mm/ano e a evapotranspiração potencial varia de 1500 a 2000 mm/ano. Pela sua proximidade ao Equador, a região apresenta duas estações bem distintas: uma úmida (jan-maio) e outra seca (jun-dez), sendo comum a presença de anos secos alternados por anos de cheia. Devido a sua base geológica, os rios em quase sua totalidade são efêmeros ou intermitentes. A região é habitada por 27 milhões de pessoas. Acredita-se que tão elevada população nesta região semiárida seja decorrente da política de açudagem adotada deste a grande seca de 1777.

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