A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, venceu o Prêmio Cláudia 2015, na categoria Ciência, por sua contribuição científica em fixação biológica do nitrogênio, uma tecnologia sustentável que faz com que a cultura da soja tenha uma economia estimada em 12 bilhões de dólares por ano. Mariangela é pesquisadora da Embrapa desde 1982 e está lotada na Embrapa Soja, desde 1991. A pesquisadora teve mais de 400 mil votos pela internet. Ao receber o Prêmio, ela agradeceu à Embrapa e a todos os agricultores. “Agora eu tenho um projeto conhecido no mundo todo e eu tenho muito orgulho disso, pois a nossa agricultura é a melhor do mundo. Eu trabalho para que as famílias possam ter uma refeição decente na mesa”, disse ela ao receber o prêmio. E completou: “Estou muito emocionada pelo reconhecimento, pela popularização da ciência e por conseguir transmitir um pouco mais do meu trabalho”.
A pesquisadora explica que para produzir uma tonelada de soja são necessários cerca de 80 kg de nitrogênio. Esse nutriente é o mais requerido pela cultura e pode ser obtido gratuitamente na natureza, por meio de algumas bactérias do gênero Bradyrhizobium (rizóbios). De acordo com Mariangela, essas bactérias são capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas. A fixação biológica do nitrogênio dispensa a utilização de fertilizantes nitrogenados; produtos que além de aumentar os custos de produção, podem ser prejudiciais ao ambiente. Além dos trabalhos com rizóbios em soja, Mariangela também já coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e o trigo e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro. A pesquisadora trabalha com várias parcerias privadas no desenvolvimento de novos inoculantes e já tem vários produtos registrados e comercializados. Vale destacar ainda os esforços das equipes de laboratório e de campo experimental que são envolvidas no processo de pesquisa e que também contribuem para o alcance dos resultados. Entre as linhas de pesquisa em que Mariangela atua estão os aspectos agronômicos da fixação biológica do nitrogênio, biodiversidade microbiana; microbiologia do solo; bactérias promotoras do crescimento de plantas; inoculantes microbianos; entre outros. A pesquisadora da Embrapa tem mais de 700 publicações entre artigos, livros e capítulos de livros.
Prêmio Cláudia
Segundo o site da Revista, o Prêmio Claudia teve sua primeira edição em 1996 com o objetivo de descobrir e destacar mulheres competentes, talentosas, inovadoras e empenhadas em construir um Brasil melhor. A seleção das finalistas começa no mês de janeiro, quando a equipe do Prêmio Claudia convida personalidades (cientistas, acadêmicos, empreendedores sociais, empresários, políticos, escritores renomados e cineastas) para indicar suas candidatas. Dessa troca de informações, são selecionadas 250 mulheres atuantes em seis categorias: Ciências, Políticas Públicas, Cultura, Negócios, Trabalho Social e Revelação. Depois de uma pesquisa sobre as grandes realizações dos nomes sugeridos, são definidas três finalistas por categoria. O júri do Prêmio Claudia é formado pelas leitoras, pela direção da Revista e por uma comissão de dez personalidades. A pesquisadora Johanna Döbereiner venceu o Prêmio Cláudia, na categoria Ciência, em 1996. Também foram finalistas do Prêmio Cláudia, as pesquisadoras da Embrapa Tatiana Deane de Abreu Sá (2003) e Maria Pinheiro (2006).