Boas práticas e manejo sustentável do solo é tema de seminário no Paraná

Técnicas para evitar a erosão e a salinização do solo, a adoção da prática do plantio direto nas lavouras paranaenses e a diminuição do uso intensivo de inseticidas e agroquímicos estavam entre os temas discutidos nesta quarta-feira (09) no “Seminário de Boas Práticas no Uso e Manejo Sustentável dos Solos”, promovido pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento.

O evento aconteceu em Carambeí, nos Campos Gerais, em alusão ao Dia Mundial do Solo, comemorado no sábado (5), e ao fato de 2015 ter sido instituído pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como o Ano Internacional dos Solos

O objetivo do seminário foi demonstrar as boas práticas adotadas por agricultores e instituições que tiveram a iniciativa de preservar, conservar e manter o solo paranaense, recurso natural da maior importância para a sustentabilidade do agronegócio do Estado.

Para o secretário de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara, depois de uma intensa mecanizaçao, o Paraná se destacou, nos anos 1980 e 1990, pela adoção de boas práticas de manejo, sendo pioneiro no Brasil na aplicação do plantio direto. “As tecnologias permitem boa produtividade mesmo nos solos mais fracos, mas perpetuar as boas práticas de produção é fundamental para a manutenção da vida, com um solo saudável, bem protegido, que mantém biodiversidade e não compactado permite que continuemos a produzir por muitos séculos”, afirmou.

“Por isso estamos incentivando o meio rural paranaense para que as boas práticas sejam retomadas e tenhamos um solo com condição de oferecer riqueza agora, mas especialmente no futuro”, ressaltou. “Queremos chamar a atenção, mas também premiar e reconhecer os esforços dos produtores. É uma retomada de consciência para fazer uma agricultura conservacionista”, explicou Ortigara.

O bom uso e a conservação dos solos promovidos no passado permitiu uma evolução da produtividade de grãos no Paraná, que se tornou o segundo maior produtor de grãos do Brasil, apesar de ter apenas 2,3% da área do território nacional. De acordo com levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), no período de 1998 até a atual safra 2015/16, a produtividade do milho, que ao lado da soja é o grão mais cultivado no Estado, saltou de 3.705 quilos por hectare para 8.580 quilos por hectare, um aumento superior a 131%.

RELATÓRIO – No encontro, o representante da FAO no Brasil (órgão da ONU para a alimentação), Alan Bojanic, apresentou um relatório publicado na última sexta-feira (04) pela entidade que congrega as principais ameaças, tendências, impactos, recomendações e boas práticas para o uso do solo. O documento foi elaborado por 200 especialistas de 60 países.

De acordo com o estudo, mais de 30% de todo o solo do mundo estão degradados com algum tipo de erosão, contaminação e salinização. “Para nós é fundamental identificar e promover boas práticas para reverter essa situação. Principalmente no Brasil, que será, nos próximos dez anos, o principal produtor de alimentos do mundo”, afirmou Bojanic.

“O Paraná é um modelo, é um estado que tem desenvolvido muita coisa nessa área. Os produtores devem, cada vez mais, estar cientes da necessidade de fazer o melhor possível para deixar o solo em melhores condições para as futuras gerações”, ressaltou.

PLANTE SEU FUTURO – Entre as práticas promovidas pelo Governo do Estado está a campanha Plante Seu Futuro, que busca, junto a parceiros do setor público e privado, a conscientização dos produtores rurais para o uso de boas práticas agrícolas. Um dos resultados da campanha é a redução de 56% no uso de inseticidas na produção de soja, com a aplicação das técnicas de Manejo Integrado de Pragas e Manejo Integrado de Doenças.

A campanha Plante Seu Futuro agrega as instituições representativas do setor rural, como a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Itaipu, Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) e a FAO.

Outra ação é o programa de, com recursos do Estado, financiados pelo Banco Mundial Gestão de Solo e Água, que prevê a recuperação de 350 microbacias em quatro anos a partir de um conjunto de ações para recuperar e manter a capacidade produtiva dos solos e melhorar a qualidade da água dos rios.

Os produtores rurais Roni e Vanderleia Bueno, de Piraí do Sul, adotaram, há dois anos, o plantio direto e a rotatividade na lavoura e já tem colhido os resultados. Onde antes era plantado apenas milho e feijão, passaram a ser cultivados também soja, trigo, mandioca e batata salsa. “O plantio direto não faz erosão, deixa o solo parelho, sem fazer aquelas valetas. O trigo que plantamos deu muito bem e é de boa qualidade”, contou Roni.

PLANTIO DIRETO – O Paraná foi pioneiro na implantação da técnica de plantio direto, que hoje está disseminada na agricultura nacional e consiste em utilizar as palhas e resto das colheitas passadas como cobertura para o solo, evitando a aragem que causa erosões. Os três agricultores responsáveis por trazer a técnica ao Estado nos anos 1980 – Franke Dijkstra, Hebert Bartz e Manoel (Nonô) Pereira (já falecido) – foram homenageados no seminário.

“É uma técnica muito simples, basta apenas entender o que acontece com a natureza. Como a gralha azul paranaense, que põe a semente na terra, nós também fazemos isso, sem mexer na terra. Com os resíduos da cultura anterior já implantamos a nova cultura, mantendo sempre o solo coberto, como nas florestas”, explicou Franke.

“Entendemos perfeitamente que, apesar do sucesso do plantio direto dentro do agronegócio brasileiro, é necessário garimpar novos modelos positivos promovidos pelos agricultores para aperfeiçoar essas práticas”, ressaltou Hebert Bartz.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná

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